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Michel Temer é Cunha, já avisava Renan Calheiros, Ciro Gomes e Dilma Rousseff. Aécio, o primeiro a ser comido, que não foi o primeiro. Assim terminou a quarta-feira {{17 de maio}}, após um apressado plantão da Globo anunciar que haveria uma gravação da JBS-Friboi incriminando o presidente {{assim mesmo, com p minúsculo}} e um vídeo do senador da República recebendo dinheiro {{através de um primo}}.

Os dias que seguirão não serão fáceis para nenhum analista político. A possibilidade real da renúncia de Temer {{este blog acha difícil}} e/ ou do impeachment {{mais provável}}, a prisão de Aécio Neves que seguirá em breve, o futuro político de um país cujas leis não prevêem o que acontecer com o impedimento do vice-presidente e, claro, um clamor crescente, mas ainda tímido, das ruas por eleições diretas.

Globo e a delação

Muita especulação a respeito dos motivos da Rede Globo dar a notícia sem subterfúgios {{claro, teve a clássica acusação de Lula logo depois}} em seu principal jornal. Mas não há mistérios aqui. A notícia vazaria de um jeito ou de outro, antes a Globo dar do que a concorrência. O dinheiro ainda fala mais alto que qualquer ideologia.



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A prova de que não foi caso pensado era o amadorismo dos apresentadores. Bonner fingindo um ato falho ao quase chamar Temer de ex-presidente e a gagueira de Renata Vasconcellos deixa claro que não houve tempo para se pensar uma narrativa. A notícia veio de súbito e sem planejamento.

É possível e provável que isso alimente a ideia de que a operação Lava Jato é imparcial, desmoralizando o discurso de petistas de que Moro e seus comandados são partidários, afinal, a prisão do presidente do PSDB e a implicação do vice que armou a queda da Presidenta eleita deixam, por óbvio, complicado a afirmar que a Lava Jato persegue petistas. 

 

Desmoralização dos agentes de Curitiba

A principal notícia – depois da óbvia, é claro – não será dada por nenhum meio de comunicação da mídia corporativa. E quase ninguém da esquerda está relatando também, com exceção de Nassif.

A operação que conseguiu uma delação premiada foi atrás das provas para não depender de convicção nenhuma. Então mandou grampear o delator, anotou os números de série das notas e colocou um chip na mala que iria fazer a entrega. Gravou o telefonema de Aécio Neves afirmando – metaforicamente ou não – que precisaria matar Fred, seu primo, antes que ele fizesse delação e que isso seria de uma ajuda, digamos, incomensurável {{ele usou um palavrão}}.

De quebra pegou uma conversa com Michel Temer, no qual ele não apenas aprova a continuidade da mesada a Eduardo Cunha, por seu silêncio, mas quase pede que isso continue. Moro, como se sabe, afirmou que Cunha queria constranger Temer ao negar que o ex-presidente da Câmara – e responsável direto pela queda de Dilma – confrontasse o vice, que é quase ex-presidente.

A conversa, é bom que se diga, é legal. Você certamente ouvirá por aí comparações às gravações com Dilma, ilegais. A diferença jurídica é que a gravação feita pelo delator é considerada “gravação clandestina”. A lei permite a gravação no corpo ou na rua de alguém que esteja colaborando com a justiça. No caso de Lula e Dilma a gravação foi feita sem que nenhuma das partes estivesse em situação de delação premiada ou qualquer tipo de colaboração, por isso precisaria de autorização do STF.

A prisão da irmã de Aécio Neves, Andreia, com o requinte de crueldade dela já ter passagem comprada para Londres, o afastamento de Aécio Neves e o corre-corre nos corredores de Brasília mostram o sucesso da investida.

O fato é que a maior operação, desde o início da Lava Jato não passou nem perto de Curitiba. Não teve powerpoint, não foi baseado em boato ou fofocas.

Os agentes de Brasília ouviram a delação e foram atrás de provas sem fazer alarde. O vazamento seletivo, claro, esse segue como se fosse normal, não é e nem deveria ser; seja com Cunha, Temer e Aécio, seja com Lula e Dilma.

{{será que o pensamento se mantém?}}

E agora ?

Agora teremos, muito provavelmente, um período curto de presidência de Rodrigo Maia. Maia, é bom lembrar, filho de César Maia e genro de Moreira Franco, outro delatado na Lava Jato.

A Constituição Federal {{que não anda valendo nem meio vintém}} afirma que em casos de impedimento do vice-presidente, passados 2 anos do mandato, as eleições serão indiretas nos termos da lei.

E aí você deve imaginar que a lei diga que… Pois é. Mas não existe lei. A lei que regulamenta casos como esse nunca foi feita. Miro Texeira, logo após a queda da Dilma tentou uma PEC que permitiria eleições gerais diretas.

O fato é que dificilmente será permitido por esse Congresso uma convocação de eleições com voto popular enquanto Lula ainda puder ser candidato. Isso implica na pressa de Moro em condenar Lula ? Possivelmente, mas nada é lógico quando se trata de Lava Jato. A delação de Palocci, me disseram algumas fontes, colocará Moro em posição de condenar o petista.

As fontes, ligadas a própria operação, dizem que Palocci dirá que tem imóveis em seu nome que pertencem ao ex-presidente. Este blog não pretende criar boatos de prisões ou condenações, apenas repassa informações que recebeu de gente séria, por motivos jornalísticos. Não estamos afirmando que isso ocorrerá ou que “Lula será preso amanhã”, é bom deixar claro. Apenas repassando a possível delação de Palocci, porque foi dita por gente séria e mais de uma confirmação.

O cenário mais provável é que se arraste a situação com ou sem Temer, até que se possa encontrar um nome de consenso entre mortadelas e coxinhas, Nassif coloca Nelson Jobim como possível candidato a nome de consenso. Este blog pensa que é possível, mas também não iria apaziguar o país.

O fato, diante de tudo que aconteceu, é que a política sai mais uma vez estraçalhada no imaginário popular. E sem política, sabemos, a saída não passa pela democracia. O caso é sério e precisa ser acompanhado de perto. Mas sem falso alarme ou histeria.

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