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A Superintendência de Análise de Mercado da Ancine (Agência Nacional de Cinema) publicou no Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual o informe de mercado do Segmento de Salas de Exibição relativo ao primeiro semestre de 2014.

Os dados são alvissareiros.

Nos primeiros seis meses de 2014, o público em salas de cinema cresceu 10% em relação ao mesmo período de 2013 – de 73,2 milhões de espectadores para 80,6 milhões. A participação de público das produções brasileiras chegou a 14,2%, com um acumulado de 11,5 milhões de ingressos. No período analisado, foram exibidos 107 títulos brasileiros (no primeiro semestre de 2013, 93 filmes nacionais estiveram em circuito). Desses, 55 foram lançados em 2014, mantendo o mesmo patamar do ano passado. Outro dado, publicado pelo jornal O Globo: a pesquisa “Contribuição econômica do setor audiovisual brasileiro” mostra que a indústria cinematográfica injeta mais de R$ 19 bilhões por ano na economia brasileira, com um faturamento bruto anual de R$ 42,8 bilhões. O setor foi responsável pela criação de 110 mil empregos diretos e 120 mil indiretos no ano de 2002. Para cada emprego direto no setor, pelo menos mais uma vaga indireta é criada.

Onze obras brasileiras alcançaram mais de 100 mil espectadores no primeiro semestre de 2014, sendo responsáveis por 96% do público do cinema nacional. Desses 11, quatro ultrapassaram a marca de 1 milhão de espectadores: “Até que a sorte nos separe 2”, de Roberto Santucci; “S.O.S. mulheres ao mar”, de Cris D’Amato; “Os homens são de Marte… e é para lá que eu vou” , de Marcus Baldini; e “Muita calma nessa hora 2”, de Felipe Joffily.



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O parque exibidor brasileiro encerrou a primeira metade do ano passado com um total de 2765 salas de exibição – 194 salas a mais do que na primeira metade de 2013. A região Sudeste teve 67 salas inauguradas no primeiro semestre de 2014, seguida das 50 novas salas de exibição da região Nordeste; o Sul ganhou nove salas novas; e a região Norte teve oito salas implementadas.

Todos estes dados são impressionantes por si só, mas há um que é ainda mais impactante: O audiovisual já gera mais emprego no Brasil do que o turismo. Gera mais empregos e paga melhores salários do que outros setores da chamada “economia criativa”. A pesquisa foi realizada a partir de dados do IBGE e da própria indústria — que, além da produção de conteúdo, engloba a distribuição em diversos meios, como salas de cinema e festivais; a exibição em TV aberta e paga, e a venda e locação em mídia física. Segundo o estudo, a arrecadação direta de impostos foi de R$ 1,6 bilhão em 2009, saltando para R$ 2,1 bilhões em 2013. Em 2012, o audiovisual gerou uma massa salarial de R$ 4,2 bilhões, com um crescimento de 37% nos últimos anos (R$ 3 bilhões em 2007), ou 2,6 vezes o que foi gerado pelo turismo.

No primeiro trimestre de 2015, a renda acumulada do setor registrou alta de 23,2%, em relação ao mesmo período do ano passado, com a arrecadação de R$ 568 milhões nas bilheterias de todo o país. O crescimento do público chegou a 18,1%, na comparação com o primeiro trimestre de 2014. O público nas salas de cinema alcançou 43,4 milhões espectadores, segundo o Informe de Acompanhamento de Mercado de Salas de Exibição, documento publicado pela Ancine.  De acordo com o informe da Ancine, o primeiro trimestre de 2015 foi marcado por um crescimento do parque exibidor brasileiro, que hoje atinge 2.870 salas. Sete complexos cinematográficos foram inaugurados no período, totalizando 22 novas salas, e três foram reabertos, com mais 16 salas. Um complexo já existente ampliou o número de salas, adicionando mais três telas. Todas as salas inauguradas, reabertas ou ampliadas funcionam com projeção digital, que hoje já chega a 74,1% do parque exibidor brasileiro.

A indústria audiovisual tem um potencial de crescimento acima dos outros setores da economia por estar associada à criatividade, traço da personalidade brasileira. Existem diversos gargalos e deficiências que impedem nossa indústria cinematográfica de deslanchar ainda mais. Em São Paulo, por exemplo, o prefeito Fernando Haddad (PT) deu um passo enorme para o cinema se popularizar e ampliar plateia. Ele desenvolveu um programa de cinemas populares, cerca de cinquenta serão inaugurados. De acordo com o prefeito, a criação das salas tem como objetivo valorizar filmes brasileiros e da América Latina, que tem menor espaço em salas comerciais. A medida integra as ações SPCine, a agência de fomento ao cinema criada pela Prefeitura, e promete espalhar pela cidade salas com capacidade entre 200 e 400 pessoas.

Muitas falhas da parte do governo, da legislação e dos próprios empresários do setor, míopes para investimentos necessários. Mas a mensagem geral deste texto é de esperança para todos que gostam e trabalham com audiovisual.

Não estamos onde podemos estar. Mas melhoramos muito.

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