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Há muitos anos quem vive nos grandes centros urbanos do país {{ou do Canadá, vai saber…}} é obrigado a lidar com uma questão chamada Crack. Em Brasília há cracolândia {{não acredite em mim}}, no Rio de Janeiro há cracolândia {{não acredite em mim}}, em Salvador há cracolândia {{não acredite em mim}}. Até no Acre, que nem existe, tem cracolândia {{não acredite em mim}}.

O problema é sério e deve ser enfrentado de maneira séria. Mas é um problema de saúde, não de polícia.

Se você tiver o bom gosto mau gosto de clicar nos links, verá que a maior parte das ações são ostensivas. Alguns usam até uma expressão vinda do dadaísmo ou surrealismo ou maluquismo {{nunca sei qual é qual}} como:

o objetivo principal da intervenção é aplicar ações especificas ostensivas, repressivas de saúde aos usuários de crack

{{não acredite em mim – Voz do Acre}}



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{{Crédito da foto {link url="http://www.flickr.com/photos/joaobacellar/2253739630/sizes/z/in/photostream/" target="_blank"} Bacellar {/link} }}

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Uma ação repressiva de saúde eu não sei exatamente o que é. Mas ação é ação, é fácil de entender. Alguém fará alguma coisa. Repressiva é aquele treco que reprime, da onde eu concluo que… É uma ação contra a saúde dos usuários. Sei lá, acho que vão injetar vírus da gripe neles ou algo assim…

A verdade é que o combate às drogas é uma luta perdida.

– Credo, seu Caipira, você é muito pessimista!
– Credo, seu Caipira, você só fala isso porque deve ser um drogado, maconheiro, hippie ou coisa pior!

Não nego, caríssima leitora, exaltado leitor, que sou coisa pior. Muito pior. Mas ao menos permita-me oscular carinhosamente seu rostinho doce enquanto argumento. Quem sabe assim não os faço mudar de ideia?!

Não há, na história do planeta Terra {{nem em Marte, Vênus ou Saturno. Há relatos de que também não tenha havido em Mercúrio}} civilização humana que tenha convivido sem o uso de algum tipo de droga. Índios, Judeus, Negros, Egípcios, Gregos… Todos usaram algum tipo de droga.

Jesus, vejam vocês, foi usuário de drogas. Mais que isso, foi incentivador do uso de drogas: “Tomai todos e bebei. Este é meu sangue, bla bla bla whiskas sachê” {{não tenho certeza se foi bem essa a expressão utilizada… Acho que ele não faria jabá para whiskas…}}.

É, portanto, um sonho perdido imaginar que se possa convencer algum país de viver sem drogas. Já falei neste blog sobre a legalização das drogas, não é o caso aqui de discutir a legalização {{se clicar no link verá que o blog é favorável}}.

O grande problema de um usuário abusivo {{o que a imprenÇa chama de crakeiro, viciado, dependente, etc.}} é justamente a perda da capacidade de decisão sobre sua própria vida. Por isso os esteriótipos {{roubar a própria família, perder emprego, etc.}}.

Ora, e se é este o grande problema –  a perda do protagonismo e da capacidade de decisão – porque é que sempre que um programa de ajuda ao usuário surge, parte do princípio que ele não deve tomar parte das decisões de melhora?

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Este é o principal acerto do plano de Haddad. Ele garante o básico ao usuário: moradia, refeição e trabalho. Ele dá responsabilidade ao usuário: o pagamento é feito semanalmente, diante dos dias trabalhados {{15 reais por dia}}. Isso, ser humano, chama-se dignidade.

É partir do princípio que o usuário não é um zumbi. É um ser humano em situação de vulnerabilidade, que precisa de ajuda e auxílio. Mas deve ter sua dignidade mantida. Outro acerto é o fato dos trabalhos serem na região onde moravam, ou seja, o convívio diário com a sua própria realidade.

Se por um lado isso faz com que o tratamento dure mais tempo {{porque as ~~tentações~~ estão na cara do gol}}, por outro, garante que seja feito de forma realista. É mais fácil e tranquilo garantir que alguém deixe de usar drogas quando internado longe de sua rotina. Ele faz trabalho terapêutico {{não se iluda, é só uma expressão para trabalho escravo. O produto de seu trabalho em geral é vendido e o interno não vê a cor desse dinheiro, com a desculpa de que ele compraria drogas}} num sítio distante… Fica longe das drogas…

Encerrado o tratamento o sujeito volta à sua vida anterior. Sem emprego e sem amigos, em geral, a realidade cobra seu preço. E isso faz com que o sujeito volte à usar o que usava. Porque, afinal, só usa droga quem quer fugir de sua própria realidade {{nem que seja para ficar bêbado num jantar de despedida, como no caso do nosso amigo JC}}.

Há críticas ao programa? Sim, algumas. O fato do trabalho não ser CLT, por exemplo, é uma das críticas do Padre Júlio Lancellotti {{cujo trabalho junto aos moradores de rua é reconhecido por toda a cidade há muitos anos}}. Outra é o fato da moradia ser em hotéis próximos, não em casas próprias…

Acho que é um começo. E para uma cidade tão limitada financeiramente e em cultura de redução de danos, um avanço esplendoroso.

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