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E chega ao fim a eleição mais acirrada e maluca de toda a redemocracia brasileira. Dilma sagrou-se vencedora com 51,64% dos votos contra 48,36% de Aécio.

{{Crédito da foto: Ueslei Marcelino / Reuters}}

{{Crédito da foto: Ueslei Marcelino / Reuters}}

Foi, de fato, uma eleição diferente. Depois de um primeiro turno quase inesperado {{confira a análise do blog aqui}}, o segundo turno foi marcado por um acirramento do discurso, sem perder a politização.

Ao contrário do que afirmou a grande mídia {{e parte da oposição}} o blog não acha que esta foi uma campanha sórdidabaixaruim. Explico.



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O primeiro turno, como dito no post já citado, foi fortemente marcado pela morte de Eduardo Campos, no trágico acidente aéreo. Depois disso, Marina que era coadjuvante passa a protagonista. E termina como começou, quase irrelevante.

O blog, como se sabe, nunca acreditou na hipótese de termos Marina Silva no 2º turno. Sim, é fácil falar agora. Mas o blog disse isso em agosto:

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A oposição comprou o discurso proposto pela imprenÇa, de que o PT teria feito uma campanha sórdida de desconstrução da candidata do PSB. Mas vamos aos fatos?

A desconstrução de Marina se deu, basicamente, em torno de seu discurso programático. Primeiro em cima da sua mudança sobre os direitos LGBT, depois pela sua proposta de banco central independente.

Em nenhum momento a campanha do PT fez ataques pessoais à candidata. Mesmo sabendo que seu principal eleitorado – o jovem – era muito afetado, por exemplo, pela religião da candidata. Mas isso não foi usado em campanha.

Depois, já no segundo turno, a disputa se deu de forma menos programática, mas ainda politizada. Discutiu-se o passado do candidato tucano e o presente da candidata petista.

Dilma baixou o nível em apenas um momento em toda a campanha. Ao insinuar que o tucano tivesse dirigido bêbado e drogado {{porque ele, de fato, estava bêbado ao ser parado numa blitz da lei seca}}. Sim, foi baixo. Mas no mesmo debate Aécio inventou uma denúncia contra o irmão da Presidenta. Ou seja, na pior das hipóteses, o jogo ficou 1 x 1.

Sordidez mesmo ficou por conta da imprenÇa. O principal partido político de oposição do país apostou alto na derrota da Dilma, do PT. Talvez alto demais.

A revista Veja {{que se fosse boa chamava Leia, me disse uma amiga acertadamente}} adiantou sua capa por – pelo menos – 2 dias. A capa que deveria vir no domingo, veio na quinta-feira.  Dentro uma matéria tão sólida que foi desmentida em 4 horas. Dilma e Lula sabiam de tudo. O que é tudo ? Não se sabe. É aquela afirmação genérica que serve apenas ao subconsciente criativo do eleitorado de oposição.

A informação teria sido passada pelo doleiro Youssef à Polícia Federal. Acontece que o advogado do Youssef, sujeito que é obrigado a assistir a todos os depoimentos do seu cliente {{principalmente em casos como o dele, de delação premiada}}, afirmou 4 horas após a divulgação pública da matéria que nem ele nem sua equipe sabiam de algum depoimento com essa afirmação.

O caso é que tanto faz, a ideia não era veracidade. Uma pergunta salta aos olhos de qualquer eleitor: Como o PSDB conseguiu, em apenas algumas horas, imprimir milhares de fac-símiles, distribuí-los por todo o país e coordenar a militância para que distribuísse o material {{a capa foi divulgada de tarde, pela noite já acontecia a distribuição dela}} ? Muito provavelmente porque o PSDB já sabia desta capa.

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É simplesmente impossível coordenar uma distribuição nacional de um panfleto como este em algumas horas. Não daria tempo de imprimí-los, por exemplo {{não acredite em mimTucanos distribuem capa da veja em Rio Claro}} {{não acredite em mimTucanos distribuem capa da veja em MG}}.

E é completamente irracional você ver um partido político distribuir uma capa de revista semanal e achar que essa revista é imparcial.

Tão irracional que o TSE proibiu a publicidade da propaganda {{não acredite em mim – Congresso em foco}} e deu direito de resposta à Dilma no site da revista {{não acredite em mim – Carta Capital}}.

Tão irracional que esta mesma revista não cumpriu a lei ao dar o direito de resposta, como vemos:

No pedido feito ao TSE, o vice-procurador eleitoral, Eugênio Aragão, afirmou que Veja descumpriu a decisão do TSE ao publicar em seu site o direito de resposta fora do padrão determinado. “A medida adotada pela representada traduz inequívoco descumprimento de decisão judicial, temperada de ingrediente de escárnio e menosprezo à autoridade de decisão emanada deste Tribunal Superior Eleitoral, o que desafia medidas mais rigorosas e enérgicas com vistas ao seu efetivo cumprimento”, disse Aragão.

{{não acredite em mim – O Dia}}

Não foi apenas a revista veja que cumpriu papel de cabo eleitoral tucano. Veja {{com o perdão do trocadilho}} as duas últimas capas da revista “Isto é”, sendo a da direita a última; da semana da eleição:

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E como se fosse pouco, revistas fazendo campanha, os institutos de pesquisa, como se vê na imagem acima {{note a parte em azul nas capas da Isto é}}, foram na mesma onda. Uma verdadeira ode à criatividade.  Como não poderia deixar de ser, o jornal O Estado de São Paulo do dia da eleição foi distribuído contendo a revista veja para seus eleitores.

Isso depois da decisão do TSE de promover o direito de resposta, ou seja, sabendo que a capa não condizia com a verdade. O Jornal Nacional, claro, deu destaque à mesma matéria, embora tenha sido menos desonesto, ao mostrar a Presidenta desmentindo a reporcagem. Foi uma união, de fato, pela eleição do Aécio:  jornais impressos, revistas, rádio e televisão; todos por um só objetivo.

A resposta a isso veio da esquerda. Uma união como poucas vezes se viu no país, entre quase todas as forças políticas de esquerda. Nunca antes na história desse país o PSOL fez tanta campanha pelo PT.  E isso é ótimo. Cabe agora ao PT e ao PSOL lutar para manter essa parceria mais do que saudável {{na opinião deste blog, claro}}.

Foi um segundo turno claramente politizado e polarizado no discurso de classes. É o que pensa este blog e é o que pensa a imprenÇa internacional:

De un lado, los pobres: de otro, los (algo más) pudientes que esperan algo más del Gobierno.

{{não acredite em mim – El País}}

Rousseff is dominant in the north-east. Neves, the favourite of global financial markets, is more popular among middle-class urbanites.

{{não acredite em mim – The Guardian}}

O PSDB usou de todas as armas que possuía, incluindo aí a imprenÇa nacional. O PT usou de sua militância, maior força do partido {{e não estou dizendo, com isso, que o PSDB não foi também às ruas, apenas que sua maior arma foi mesmo a imprenÇa}}.

Apesar disso, o discurso de Aécio Neves não poderia ser mais republicano. Dele destaco:

Cumprimentei agora há pouco, por telefone, a presidente reeleita. E desejei a ela sucesso na condução do seu próximo governo. E ressaltei: considero que a maior de todas as prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que dignifique a todos os brasileiros.

{{não acredite em mim – O Globo}}

É muito bom ter um opositor com um discurso republicano, que não ressalta o golpismo e nem mesmo o propõe.

O PSDB jogou como nunca. E perdeu como sempre.

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