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Como iniciar um texto sobre algo que já é conhecido, já foi falado e analisado? Falar dos enormes erros, das tentativas de melodrama, das teorias da conspiração? Falar da vontade da imprenÇa de associar o fato a um preconceito importado?

Um belíssimo texto de um Jornalista {{destes que fazem valer o diploma}} intitulado “O Pai do Homem”, deixa mais ou menos claro a vontade que temos sempre, de achar um culpado{{não acredite em mim}}. Para quê?

Crédito da foto  – {{não acredite em mim}}
Não é possível culpar uma mãe, um pai. Não dá para culpar segurança ou exigir catracas, é simplesmente inevitável, inatingível, impossível se preparar para algo como o que houve. Reza quem é de reza, grita quem é do grito, pousam aqueles que são urubus. Tanto faz.
É preciso pontuar, sem dúvidas, a falta de responsabilidade de um veículo que usa a tristeza para vender lágrimas. É preciso pontuar as diferentes versões do herói, o suicídio-assassinato. A exposição de uma família que continua viva. A humilhação de um irmão que perdeu a cabeça, sabe-se lá porque.
É preciso ficar calado por um momento. É preciso relembrar, reavivar aquele resto do ‘ficar impressionado’ que ainda restava em nós.
É preciso ter pena, ter dó, de quem todos dizem que não merece ter dó. É preciso a compaixão de tentar compreender que não existe vilão. É preciso correr atrás dos erros também.
Mas amanhã.
Hoje é dia de calar. É dia de se abraçar. É dia de beijar. É dia de lembrar de quem já não lembramos, é dia de seres humanos.
Porque o dia de ontem foi repleto de lobos. O lobo da loucura, o lobo do tráfico de armas, o lobo da ganância, o lobo do lobo.
E amanhã, quando voltarmos às nossas vidas, à caça de culpados, quando arrumarmos alguém para punir o que já foi punido, será preciso lembrar que aquilo tinha nome. Aquilo era um filho, um irmão, um sobrinho. Aquilo, um dia, ia ter filho. Aquilo foi um desvio do caminho.
E ainda que não tenha sido tão sujo, quem de nós nunca desviou o caminho?!

É preciso compaixão, compreensão. Não é preciso descrever, mas é preciso nominar o inominável: Wellington, ele tinha nome, afinal.

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