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Este blog recentemente propôs uma discussão a respeito das diferenças entre Ter Governo e Ter o Poder. Na ocasião um dos pontos discutidos foi a forma pela qual o partido se sustenta financeiramente {{falo do dia a dia do partido, não das campanhas eleitorais}}.

Mas a questão se aprofunda a cada dia.

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 O PT, depois de muito tempo {{para não dizer, depois de 12 anos}} está finalmente aprendendo a diferenciar partido do governo. Parece pouco mas é algo extremamente importante.



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Enquanto a esquerda-mais-esquerda-que-você insiste em reclamar da política de alianças {{sem críticas efetivas ou propostas concretas}}, fazendo comparações absurdas – como a que está na moda no momento com a Grécia – o partido começa a procurar alternativas que garantam neste ou em próximos mandatos, uma política de alianças que realmente gire em torno do projeto do partido principal da aliança, o PT.

Comparar com a Grécia é sempre um exercício bonito, pega bem, coisa linda do papai {{e da mamãe}}. Mas é meio infantil.

Infantil porque o partido vencedor das eleições na Grécia {{um país Parlamentarista e não Presidencialista como o nosso}} teve nada menos que 49,7% das cadeiras no Parlamento. Estamos falando de 149 cadeiras de um total de 300. Some-se 13 dos aliados e temos aí mais de 50% do parlamento. Ou seja, maioria absoluta com apenas 1 partido e pequenas alianças.

Mas a criançada olha o fato do ministério grego ter só gente do partido vencedor e diz: “Ah lá, o PT devia fazer isso!”.

Crianças, o PT elegeu 68 cadeiras. Seria menos que 50% mesmo no parlamento grego. Aqui isso representa pouco mais de 13% das cadeiras. Some aí com 10 cadeiras do PCdoB e temos pouco mais da metade dos gregos. E os gregos possuem um total de 300 vagas. Nós temos 513.

Ah sim, temos o PesSOaL da esquerda-mais-esquerda-que-você com todas os seus incríveis 5 deputados eleitos.

Ou seja, uma força ampla de esquerda, no congresso teria 85 deputados. De um total de 513. Não precisa ser nenhum gênio para saber que 16% das cadeiras não mudam nem nome de rua no Congresso Nacional. E se não mudam, é preciso coligar.

E aí começam os problemas. Mas deixemos eles de lado por um instante.

{{Crédito da foto: ImprenÇa}}

{{Crédito da foto: ImprenÇa}}

Se é verdade que as forças de esquerda sofreram uma enorme derrota no Legislativo, também é verdade que fomos nós, a militância de esquerda quem virou o jogo para que Dilma Rousseff fosse eleita e não Aécio Neves.

O que significa que a eleição de Dilma, apesar do congresso, trouxe à população vencedora uma carga emocional e de expectativas bastante altas.

Mas os problemas voltam à carga. Dilma não pode sozinha fazer a famosa guinada à esquerda, se para isso depende da aprovação de leis, orçamentos, medidas provisórias e afins num campo onde as forças de esquerda representam menos de 20% do total de votantes.

E não pode fazer alianças com a direita porque… bem, porque é a direita. Aliar-se com a direita significa exatamente decepcionar quem a elegeu.

ZUGZWANG – Xeque-Mate

Como fugir à lógica ?

Da única forma que a esquerda sabe fazer as coisas. Na base da pressão popular. Mas Dilma, aparentemente, não entendeu a lógica em que se meteu.

Tentou vencer o Deus-Mercado à fórceps no início de seu primeiro mandato, baixando os juros, dando força aos bancos estatais e forçando uma baixa dos juros no resto dos bancos. Trocando em miúdos, forçou que os bancos privados diminuíssem seus lucros para competirem com os bancos estatais.

Mas perdeu. A imprenÇa começou uma saga especulativa sobre a inflação. A inflação veio {{porque ela funciona na base da especulação também, ainda que não só}} e Dilma voltou atrás.

Se quiser entender como funciona a especulação inflacionária assista ao vídeo.

Então optou, no segundo mandato, por fazer o movimento oposto. Começa agrando Zeus Mercado com a ideia de que desta forma conseguirá, no futuro aplicar o superávit em investimentos sociais e de desenvolvimento. E fez isso da pior forma possível, com duas medidas provisórias que atingem os trabalhadores. E sem uma única negociação com as centrais sindicais.

Só que a lógica mudou. A direita se realinhou e sabe, neste momento, que ou derruba a Dilma {{não falo necessariamente de uma derrubada literal, mas uma mais provável derrubada simbólica, com a criminalização de seu governo e, neste caso, sem a separação de partido. Garantindo o PSDB em 2018}} ou não terá futuro. Temos em 2016 não apenas os resultados das obras de 2013 e 2014 chegando, como uma Olimpíadas aqui. E um provável clima de euforia novamente.

O clima ajudará, certamente, os prefeitos que desejam a reeleição. O que dá mais força para que um Haddad concorra em 2018, por exemplo. Ou um ministro. Ou quem quer que seja.

A tese não é inteiramente minha, Stédile, do MST, começou o caminho, eu apenas segui a trilha:

“Eu não acredito em impeachment”, diz.

De acordo com o ativista, a direita brasileira pode até usar essa ferramenta como uma das armas para promover o desgaste do governo e do PT, mas prefere investir numa operação de “sangramento” de Dilma e do partido para eleger Geraldo Alckmin (PSDB) legitimamente em 2018. “Se conseguir elegê-lo com ampla maioria (como fizeram na eleição de São Paulo agora), e retomar o poder pelo voto, quem vai conseguir fazer oposição a ele depois? Nem ‘são Lula’”, argumentou Stédile

{{não acredite em mim – Rede Brasil Atual}}

{{Crédito da foto:  marceloefe}}

{{Crédito da foto: marceloefe}}

A única solução possível para o impasse é a rua. Ou vamos todos de vermelho, com as bandeiras dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, lado a lado, ou o xeque-mate virá. 

E ele não virá para o PT, mas para as classes trabalhadoras do país. E para quem mais precisa de um governo com um mínimo de orientação social, como os do PT foram até hoje.

É preciso avançar em reformas estruturais: Fiscal, Política, etc.

E para isso precisamos fazer o que fizemos no 2º turno das eleições. É isso, ou perderemos o governo. Com ou sem impeachment.

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