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Filme dirigido por Zeca Brito levou 4 prêmios no 42º Festival Guarnicê de Cinema e conta com o ator Leonardo Machado, falecido no final de 2018, no papel de Leonel Brizola

Com estreia prevista para 12 de setembro, “Legalidade” é um filme sobre um momento politicamente tenso, mas que conta a história de maneira suave e traz ao espectador uma mistura de ficção e realidade que compõem uma obra sensível e fiel naquilo que precisa ser, sem deixar de entreter.

A Campanha da Legalidade foi um movimento liderado por Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, em 1961. Marcada por intensa mobilização civil e militar, a campanha durou 14 dias e ocorreu no momento histórico em que Jânio Quadros renunciava à Presidência e João Goulart estava em viagem oficial à China comunista.

Anos 60

Marcado por problemas econômicos, o último ano de mandato de Juscelino Kubitschek foi também o ano das eleições que acabariam por eleger Jânio Quadros como Presidente do país.

As promessas de campanha de Jânio – calcadas no combate à corrupção e na figura populista da “vassourinha” – vendiam a ideia de varrer a corrupção; qualquer semelhança aos discursos populistas atuais não são mera coincidência.



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Cartaz da campanha de Jânio Quadros

Por conta do discurso anti-corrupção, Jânio Quadros ganhou o apoio de Carlos Lacerda, o que permitiu que a União Democrática Nacional (UDN) visse nele a possibilidade de vencer o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ambos ainda sob a influência da sombra de Getúlio Vargas.

O discurso anti-política atraiu setores da classe média que estavam insatisfeitos com os altos níveis da inflação. À época, elegiam-se Presidente e Vice-Presidente, em votações distintas, ou seja, era necessário um voto específico para o vice.

Com o apoio da UDN, Jânio venceu as eleições de 1960 com 48% dos votos, contra 28% do general Lott e 20% de Ademar de Barros. João Goulart, pelo PTB, foi reeleito vice-presidente da República, apesar da nítida derrota de Lott.

 

A renúncia de Jânio Quadros

Jânio assumiu o governo em janeiro de 1961 e foi o primeiro Presidente a tomar posse na nova capital federal, Brasília. Jânio, como Bolsonaro nos tempos atuais, era melhor em fazer discursos do que em gerir o país. Preocupou-se com temas de pouca importância para o futuro do Brasil, como a proibição de brigas de galo e do uso do biquíni – o equivalente ao que hoje assistimos com a polêmica das canetas BIC de Bolsonaro.

No plano internacional, Jânio conduziu o que chamou de PEI – Política Externa Independente – que foi marcada por um distanciamento do alinhamento ao governo dos EUA e por uma forte política nacional. Em 19 de agosto de 1961, ocorre a condecoração de Che Guevara, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração do Brasil a personalidades estrangeiras.

Esse fato teria sido a gota d’água para a UDN e para Lacerda, que passou a atacar o governo em rede de televisão e rádio. Chamou Jânio de irresponsável, acusou o ministro da Justiça de articular um golpe de Estado, que acabou vindo em 1964 e no qual Lacerda foi chamado a participar.

 

A Campanha da Legalidade e o Filme

Foto: Joba Migliorin/ Divulgação

Pressionado pela UDN, Lacerda e setores militares, Jânio Quadros resolve dar um ultimato. Ele acreditava que ao pedir sua renúncia ela não seria aceita pelo Congresso e pelos militares e, com isso, ele ampliaria seu poder político e de influência.

O plano deu errado e tanto o Congresso quanto os militares aceitaram a renúncia. O problema é que o vice, João Goulart (Jango), estava em visita à China. Em sua ausência, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, assume o poder. Mais do que isso, ele envia uma mensagem ao Congresso falando da inconveniência de Jango assumir o cargo para o qual foi eleito.

O filme começa deste momento histórico, quando Leonel Brizola (Leonardo Machado) que era governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango, já certo de que as notícias eram reais, convoca a imprensa e afirma: “Desta vez não darão um golpe pelo telefone”.

 Leonel Brizola declarou aos jornalistas: "Desta vez não darão o golpe por telefone"

Foto: Joba Migliorin/ Divulgação

 

Legalidade conta com a direção de Zeca Brito. No elenco estão Leonardo Machado (Brizola), Cleo Pires (Cecília, a ‘jornalista misteriosa’), Letícia Sabatella, entre outros. 

O roteiro, assinado por Zeca Brito e Leo Garcia, cria um triângulo amoroso entre alguns personagens fictícios que perpassam o momento histórico real.

O filme tem o mérito de apresentar um momento importante e pouco falado sobre a história política brasileira e o faz com certa leveza (de ânimo, não é uma comédia romântica), tirando o peso que a política costuma levar às discussões.

 Confira o trailer e, ao final da matéria, a galeria de fotos.

Serviço

“Legalidade”

Quando:
Estreia prevista para 12 de setembro

Ficha Técnica:
Direção: Zeca Brito
Roteiro: Zeca Brito e Leo Garcia
Elenco: Cleo, Leonardo Machado, Fernando Alves Pinto, José Henrique Ligabue, Letícia Sabatella, Fábio Rangel, Sapiran Brito
Produção: Luciana Tomasi
Direção de Fotografia: Bruno Polidoro
Direção de Arte: Adriana Borba
Direção de Produção: Glauco Urbim
Figurino: Marcia Nascimento
Maquiagem: Nancy Marignac
Consultoria de Roteiro: Hilton Lacerda e Anna Carolina Francisco
Montagem: Alfredo Barros
Som: Gogó Conteúdo Sonoro

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